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sábado, 27 de novembro de 2010

Forças policiais e militares mantêm cerco ao Complexo do Alemão


Soldados foram mobilizados para controlar acessos de favelas no Rio
O Rio de Janeiro voltou a registrar novos ataques na madrugada deste sábado, desta vez na região da Baixada Fluminense.
Segundo a Polícia Militar foram incendiados quatro carros em dois pontos diferentes do município de Nova Iguaçu, sem registro de prisões ou de mais feridos.
As forças policiais e militares mantêm o cerco ao Complexo do Alemão neste sábado, com 800 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército posicionados nos 44 acessos do complexo. O Exército está realizando vários bloqueios, parando e revistando pedestres, carros, motos e caminhões, para evitar a fuga de traficantes.
No entanto, duas pessoas foram feridas a tiros na região na manhã deste sábado, ao tentar escapar do cerco. Os dois suspeitos foram atendidos em um hospital local e levados à delegacia da região em seguida.
No final da noite de sexta-feira, tiros com balas traçantes atingiram a base onde estão abrigados os policiais militares do Batalhão de Choque da Polícia militar na região.
Feridos
Num acesso ao bairro de Olaria, o tiroteio na noite de sexta-feira deixou pelo menos seis pessoas feridas: três mulheres, um fotógrafo da agência Reuters, um militar da Brigada Paraquedista do Exército e uma criança de dois anos, que foi atingida no braço por um tiro de fuzil dentro de casa.
Mais cedo, um tenente foi atingido por disparos vindos do Morro da Chatuba, uma das 15 favelas que compõem o Complexo do Alemão. Um traficante apontado como um dos chefes do tráfico no Alemão morreu.
O fotógrafo da Reuters, Paulo Whitaker, foi atingido no ombro por uma bala perdida quando estava dentro de um táxi, e o militar levou tiros na perna. Na mesma região, traficantes do Morro da Baiana também dispararam contra os militares. A Reuters informou que Whitaker não corre risco.
A pedido do governo do Estado, um efetivo do Exército foi deslocado para a região para oferecer apoio à Polícia Militar após a operação policial que conseguiu ocupar a Vila Cruzeiro, conhecida como um dos maiores redutos do tráfico no Rio, na quinta-feira.
Anistia Internacional
Enquanto o governo do Rio comemora o êxito da ação, a Anistia Internacional emitiu comunicado condenando o uso de violência e pedindo que a presidente eleita Dilma Rousseff lembre-se de sua promessa de ter a segurança pública como uma das prioridades de seu mandato.
A ONG de defesa dos direitos humanos conclama autoridades brasileiras a agir proporcionalmente e dentro das margens da lei em sua resposta onda de violência criminal que atingiu o Rio na última semana.
'Essa violência é totalmente inaceitável, mas a reposta policial levou risco às comunidades. Autoridades precisam assegurar que a segurança e o bem-estar da população como um todo venham em primeiro lugar em qualquer operação em áreas residenciais', diz Patrick Wilcken, especialista da Anistia Internacional para o Brasil.
O documento condenou as mais de 30 mortes ocorridas durante operações de combate ao tráfico, incluindo a de uma menina de 14 anos, atingida por uma bala perdida dentro de casa, na Vila Cruzeiro. E apontou que o conflito deixou 12 mil crianças sem aulas e impossibilitou milhares de moradores da zona Norte de irem para o trabalho.
De acordo com a Anistia Internacional, a polícia fluminense já matou mais de 500 pessoas neste ano em chamados 'atos de resistência'.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que a operação realizada na favela quebrou um muro imposto pela guerra e que a estratégia de ocupar e consolidar territórios vai continuar.
'Surgiu uma oportunidade e nós não podemos perdê-la', afirmou ele nesta sexta-feira. 'Na medida em que os traficantes saem do conforto de seu reduto, eles ficam vulneráveis e a polícia pode prendê-los com mais facilidade.'
Colaborou Júlia Dias Carneiro, da BBC Brasil no Rio de Janeiro

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